Envelhecimento: o cérebro dos 40.
- A partir da quinta década de vida, o cérebro começa a passar por uma “reconexão” radical das sinapses e das estruturas cerebrais, o que resulta na formação de diversas novas redes neurais.
- Esta mudança gradual na integração das estruturas cerebrais ao longo das décadas seguintes tem efeitos importantes na cognição.
- Esta mudança, provavelmente, resulta do cérebro se reorganizando para continuar funcionando com uma estrutura física envelhecida.
- Estilo de vida saudável favorece uma melhor reorganização das conexões sinápticas e assim um melhor funcionamento intelectual na velhice.
Como o cérebro envelhece?
No início, em nossa adolescência e idade adulta jovem, o cérebro parece ter inúmeras redes isoladas umas das outras com altos níveis de conectividade interna, refletindo a enorme capacidade de especialização que ocorre nesta fase da vida. Isso faz sentido, pois é neste momento que estamos aprendendo a praticar esportes, falar idiomas e desenvolver talentos.
Por volta dos 40 anos, no entanto, isso começa a mudar. O cérebro começa gradualmente a ter menos conexões dentro de cada uma destas redes isoladas e mais conexões entre elas, ligando o cérebro. Quando chegamos aos 80 anos, o cérebro tende a ser menos especializado regionalmente e mais amplamente conectado e integrado.
Mas porque isso acontece?
Provavelmente isso é um mecanismo compensatório. Com o envelhecimento ao longo da vida, o aproveitamento dos recursos e estruturas do corpo humano diminui progressivamente, incluindo o Sistema Nervoso. Com uma nova rede de conexões sinápticas, o cérebro saudável tende a prevenir que o declínio inerente ao envelhecimento normal deteriore para incapacidade funcional de qualquer tipo.
E qual a consequência disso?
O efeito dessa reconexão neuronal sobre a cognição é sensível nos adultos a partir da quinta década de vida. Com o passar dos anos, tendemos a ser mais rígidos e a ter mais dificuldade para aceitar novos conceitos, nos tornamos mais impulsivos e com menor capacidade de inibição, a capacidade de abstração diminui (cálculos e simbologia de linguagem), entre outras características.
Entretanto essas mudanças não necessariamente podem ser negativas. Primeiro porque algumas atividades que para os mais jovens são complexas, podem tornar-se mais simples com o envelhecimento. Por exemplo, tarefas que dependem de treino ou automatizados são melhor desempenhadas ao longo da vida.
É possível moldar a reconexão neuronal para termos uma melhor qualidade cognitiva na velhice?
Sim. Toda atividade que fazemos ao longo da vida influencia a organização da rede de conexões sinápticas no cérebro. Se mantivermos um estilo de vida saudável, estamos não apenas favorecendo uma melhor organização dessa rede para atenuar um possível declínio cognitivo, como também retardar todo o processo e manter o padrão de conexões do adulto jovem por mais tempo. Por essa razão, hábitos como dieta saudável, atividade física, sono regular, não fumar, etc. devem ser estimulados em todas as fases da vida.
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